Wednesday, August 04, 2004

Instrumento do meu amor

Que me adianta pensar que te tenho? De que me serve saber que uma vez por semana dizes render-te ao meu calor? Porquê este sofrimento de não te sentir por perto a todas as horas?
Afinal, apenas deixas que eu te use como instrumento do meu amor. E como tudo ainda é novidade para mim, descubro-me a limar arestas; a contornar obstáculos; para que cada instante seja perfeito Tu limitas-te a receber toda a minha devoção e cada olhar, cada sorriso, cada palavra, cada gemido teu, são migalhas que alimentam a minha paixão.
Descarno o meu corpo cada vez que penso no que fazes quando estás longe.
Retalho com o pensamento cada pessoa que imagino aproximar-se de ti.
Procuro a eternidade em cada segundo que me dispensas atenção. E imagino que será esta a vez, será este o dia em que dirás: Hoje não volto para casa; hoje sou tua; esta é a nossa noite...
Mas vais sempre adiando esse momento. E, de cada vez que te sacias em mim, veste-te á pressa e dizes que tens de ir. Brincas e afirmas que tens um encontro inadiável com o frigorifico e com o fogão...Mas eu sei que é “ele” que não pode passar sem ti; está também dependente dos teus cuidados, dos teus carinhos, dos teus mimos.
E eu? E eu? E EU???
Fico a vaguear no limbo, ansiosa para te ter de novo, para enterrar a minha cara nos teus cabelos escuros que se confundem e entrelaçam nos meus longos caracóis.
Sou tua. A tua mulher. És minha. A minha mulher. Amo-te. Amo-te. Amo-te.



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